6 de julho de 2010

G1 - Mães contam experiência de parto em casa com água

fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1472515-5603,00.html

Mães contam experiência de parto em casa com água
G1 conversou com mulheres que optaram por dar à luz de forma natural.
Modelo Gisele Bündchen contou que teve filho em uma banheira, em casa.


Marília Juste
G1, São Paulo



Na hora do parto do filho Benjamim, a top model brasileira Gisele Bündchen preferiu estar em casa, com o marido e usando apenas um banho quente para aliviar a dor. Ela não foi a única. O G1 conversou com mulheres que passaram pela mesma experiência de dar a luz com a ajuda de água quente recentemente aqui no Brasil.



O parto em casa é bastante controverso. O ginecologista Adailton Salvatore Meira, da Universidade de Campinas (Unicamp) incentiva o parto na água, mas recomenda que ele ocorra em um hospital. “Eu aconselho que seja feito em ambiente hospitalar. Tem mães que aguentam, mas a maioria tem um limite de dor que pode ficar muito difícil”, pondera. “Tem de continuar controlando batimentos cardíacos da criança. Deve haver suporte de medicação para a mãe e para o bebê; oxigênio para a mãe e para o bebê, se necessário; material de ventilação para a mãe e para o bebê.”

O ginecologista e obstetra Júlio Élito, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), também prefere que as mães adeptas dos partos humanizados utilizem as salas especiais dos hospitais. “É possível ter um parto natural, sem intervenção médica, sem remédios e sem anestesia, no hospital, onde os recursos estão à mão”, orienta.

Relatos

A advogada Kátia Raele, de 34 anos, utilizou uma banheira em uma dessas salas especiais quando teve sua primeira filha, Gabriela, há três anos. Mas a segunda, Mariana, veio ao mundo há 19 dias em uma piscina inflável dentro da casa de Kátia, com a ajuda de seu marido, de uma doula (uma espécie de “assistente de parto”, que tem a missão de ajudar e confortar a mãe na hora do nascimento da criança) e de sua obstetra, que apenas supervisionou e monitorou os sinais vitais de mãe e bebê.


A experiência do primeiro parto foi o que fez a mãe dispensar o ambiente hospitalar no segundo. “Percebi que eu não precisava estar no hospital. Fui até lá, mas poderia ter feito tudo aquilo em casa”, conta ela.





Quando passa, você nem lembra que doeu"
Mesmo no hospital, a anestesia foi dispensada. “A dor vem em ondas, então você tem tempo de se recuperar. É suportável. Quando passa, você nem lembra que doeu”, diz Kátia.


O marido Júlio César ficou preocupado com a ideia de a mulher dar à luz em casa, mas acabou convencido com as consultas do pré-natal. “Ele ficou ressabiado, mas como ele fez questão de ir a todas as consultas comigo, ele sabia que estava tudo bem”, conta a advogada.


No caso da arquiteta Letícia Lemos, no entanto, o caminho foi inverso: foi o marido Tomaz quem convenceu a esposa a ter a filha Dora em casa. “Meu marido foi quem se encantou com o parto em casa primeiro. Ele trouxe o assunto e eu fui pensando, avaliando, vendo os relatos de quem já passou por isso”, conta. “No fim, senti que era o certo. Nunca gostei de hospital. Parto não é doença. Achei que minha casa teria um clima mais adequado para o nascimento da minha filha”, afirma.


O trabalho de parto de Letícia durou mais de 24 horas e, segundo ela, tudo correu tranquilamente. “Eu dormi muito entre as contrações. Os hormônios que são liberados deixam uma sensação leve, um relaxamento profundo”, conta. A dor, segundo ela, "não é nada que nenhuma mulher não tenha sentido antes”.


“Sempre vi com muita suspeita essa história de a dor do parto ser insuportável, uma dor de morte. Não acredito que a natureza fosse ser tão burra para fazer algo assim”, conta Letícia. “E foi isso mesmo. A dor foi a de uma cólica menstrual muito forte, mas uma cólica menstrual que dura um minuto e daí tem uma pausa. Quando você está menstruada não tem pausa para se recuperar”, afirma.



Não lembro de sentir dor, lembro de uma sensação de poder, de força "
"Na hora do último estágio, é como se fosse um alongamento intenso no quadril, sobre o qual você não tem controle. Mas eu não lembro de sentir dor, lembro de uma sensação de poder, de força. No fim, achei que durou até muito pouco para uma sensação tão boa”, conta a arquiteta.



Letícia ficou em uma banheira durante boa parte do parto. Só o estágio final ocorreu fora. "Me senti incomodada com a falta de peso, achei melhor ir para uma banqueta", conta.


Ao contrário das várias horas de parto de Letícia, o da videomaker Chica SanMartin, de 30 anos, foi bastante rápido. “Ainda bem que eu decidi ter em casa, porque meu filho não ia nascer no hospital de jeito nenhum. Ele ia nascer no carro, na calçada, no caminho, mas no hospital não ia dar tempo de chegar”, afirma.


Entre o momento em que ela percebeu que estava em trabalho de parto e o nascimento da criança foram apenas 30 minutos. A criança, ainda sem nome, nasceu há apenas três dias, na manhã de sábado (30).



"Fiquei meio 'em alfa'. Dói para caramba, mas a recuperação do intervalo entre as contrações é total. A água quente ajuda muito", afirma ela, que não usou uma banheiras, mas o próprio chuveiro mesmo.



Ela reclama que a prática do parto domiciliar sofre "muito preconceito" e conta que teve dificuldades para tomar uma vacina dada às mães após o parto ainda na internação. "É difícil explicar, as pessoas não entendem. É complicado, mas eu não me arrependo de nada".



Colaborou: Ricardo Muniz

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